John McAfee: a história do malucão da informática




Se hoje um antivírus consegue identificar um malware em seu computador antes de um programa ser instalado, você deve agradecer a John McAfee. Atento a uma tendência de mercado surgida na década de 80, o fundador de uma das maiores empresas do segmento já criadas teve em sua vida momentos de glória e decadência.

Gênio brilhante em alguns momentos, lunático e dependente de drogas em muitos outros, McAfee criou em torno de si uma história digna de um blockbuster hollywoodiano. Aliás, ele tem tanta certeza disso que vendeu os direitos sobre a história de sua vida para a Warner, que deve produzir em breve um longa-metragem sobre a sua trajetória.

Uma infância complicada

Quando McAfee completou 15 anos seu pai se suicidou com um tiro, mas nem por isso deixou de ser um fantasma na vida de John. “Ainda penso nele todos os dias, onde quer que eu esteja. Tenho ciência de que a minha vida é uma droga”, destacou McAfee em uma longa entrevista à revista Wired.

Na época da faculdade começou a mostrar o seu talento, revelando-se um homem extremamente inteligente e com bom faro para negócios. Um dos seus primeiros empregos era o de vender revistas de porta em porta, algo que, nas palavras dele, “rendeu uma fortuna”. Seu método não era dos mais honestos, já que ele anunciava “revistas grátis” em troca do preenchimento de um simples cadastro – a conta chegava dias depois.

Inteligência acima da média

Com o início da vida acadêmica e, consequentemente, os seus primeiros trabalhos no mundo da tecnologia, outros problemas começaram a se revelar. Se por um lado McAfee se formava com brilhantismo em Matemática por outro começava a enfrentar os seus primeiros problemas com álcool.

Aos 38 anos, John McAfee era diretor de engenharia da Omex. Seus problemas começaram anos antes, quando do álcool ele passou a experimentar drogas como maconha, cocaína e LSD. Em 1983, consumia cocaína em grandes quantidades, vendendo o excedente para os seus colegas de trabalho. Dormia na mesa e passava as manhãs bebendo whisky.

Na Northeast Louisiana State College, onde cursava PhD e atuava como professor auxiliar, foi expulso por dormir com uma de suas alunas da graduação. Na Univac de Bristol, no Tennessee, foi demitido após ser preso vendendo maconha. Meses depois sua esposa também o abandonou.



Nasce o antivírus McAfee

Três anos depois, em 1986, McAfee estava sóbrio de novo. E quando ouviu a notícia de que dois irmãos haviam criado no Paquistão aquilo que poderia ser considerado o primeiro vírus de computador, decidiu que alguma coisa precisava ser feita. Com pouco investimento, reuniu alguns colaboradores e fundou a McAfee Associates.

Seu plano era criar programas antivírus e distribuí-los gratuitamente a quem quisesse utilizá-los. O plano deu certo e a propaganda “boca a boca” fez com que o software chegasse às grandes empresas. Em 1991, um relatório divulgado pela revista Forbes apontou que, entre as 100 maiores empresas dos EUA, 100% delas utilizavam o software de McAfee. As companhias pagavam uma pequena taxa de licenciamento, o que rendia a ele um faturamento de US$ 5 milhões por ano.

Em 1992, ele usou seu “talento” de vendedor para promover o seu produto, espalhando na mídia um certo pânico por conta do vírus “Michelângelo”, que supostamente infectaria 5 milhões de computadores. O plano deu certo e a empresa aumentou consideravelmente o número de licenças de software. Entretanto, o “medo” não se confirmou e menos de 10 mil computadores foram infectados.

Curiosamente, no mesmo ano, a empresa decidiu abrir o seu capital na bolsa de valores. Da noite para o dia, a companhia fundada por John McAffe com pouco investimento valia US$ 80 milhões. Seu nome estava garantindo entre os grandes da indústria tecnológica nos anos 90.




Anos 2000: o começo do fim

Depois de quase duas décadas mantendo a sua empresa entre as gigantes do mercado de software,  McAfee parece ter tido uma nova recaída. Um ano antes de a McAfee Associates ser vendida para a Intel – que pagou cerca de US$ 7,7 bilhões pela companhia –, o executivo decidiu vender praticamente tudo o que tinha.

Assim, ele deu adeus aos seus carros luxuosos, às mansões que mantinha em diversas localidades nos EUA, como Hawaii, Texas, Novo México e Colorado, e até mesmo seu jato particular. De maneira surpreendente, decidiu comprar um grande terreno em meio a uma floresta de Belize, um pequeno país da América Central, e lá se refugiou em um bangalô sem acesso à internet.

(Fonte da imagem: Reprodução/Wired)


Justiceiro excêntrico


O final de 2012 marcou o término, ao menos por enquanto, de sua aventura em Belize. McAfee armou um exército particular e decidiu que ele mesmo iria mexer com química em seu laboratório particular. Embora tenha dito que estava pesquisando antibióticos, a suspeita é de que ele estivesse produzindo metanfetamina, substância controlada e que pode provocar alucinações.

No local onde mora, ele criou uma fábrica de cigarros, uma companhia de distribuição de café e um serviço de táxi marítimo. No ano passado, o governo de Belize o acusou de montar um exército privado e traficar drogas na região. Uma força de elite local, chamada Belize Gang Supression Unit, treinada pelo FBI, invadiu a sua casa e encontrou munição pesada e muitas garrafas de substâncias químicas desconhecidas.

Solto mediante fiança, ele voltou para o seu bangalô onde morava com cinco mulheres, todas com idades entre 17 e 20 anos. Em novembro, passou a ser procurado pela polícia local sob a suspeita de ter assassinado o seu vizinho. Foragido, McAfee foi preso na Guatemala no mês de dezembro e deportado para os Estados Unidos no início deste ano.



(Fonte da imagem: Reprodução/Wired)

Futuro incerto

Aos 66 anos, não se sabe o que McAfee fará de sua vida agora que está de volta aos Estados Unidos. Embora diga que luta contra as drogas, as autoridades já confirmaram conversas dele online em que oferece entorpecentes para amigos e conhecidos. Ele diz também se preocupar com a lei, mas entre os motivos de sua saída dos EUA está um caso jurídico não esclarecido, envolvendo a morte de um aluno em sua escola de voo.

Para a polícia, ele é um homem perigoso que se tornou um dos chefes de um cartel de drogas na América Central. Para outros, que tiveram contato com ele nos últimos anos, McAfee é um homem problemático, que perdeu contato com a realidade e insistentemente tenta convencer os outros dos seus delírios.





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